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Do contracheque ao cuidado com a saúde: aplicativo moderniza serviço público no Rio Grande do Sul

Lançado em 2020, o App Servidor RS já soma 175 mil adesões e reúne mais de 15 funcionalidades e 20 serviços

 

O que antes exigia filas, telefonemas e idas presenciais agora está a poucos cliques no celular. Esse foi o salto proporcionado pelo App Servidor RS, idealizado no âmbito do serviço público gaúcho, para aproximar o Estado de seus 340 mil servidores. O aplicativo centraliza 15 funcionalidades e 20 serviços, que vão do acesso a contracheques e histórico funcional ao recadastramento de inativos, teletrabalho e atenção à saúde.

A ferramenta tornou-se símbolo de conveniência, agilidade e cuidado no serviço público gaúcho e é finalista do Prêmio Espírito Público 2025, na categoria Gestão e Transformação Digital, organizado pela República.org.

 

Gestão digital com foco no servidor

O aplicativo estreou em meio à pandemia, lançado oficialmente no Palácio Piratini, em 2020, com apenas quatro recursos. Atualmente, o sistema já soma mais de 15 funcionalidades, com uso consolidado entre cerca de 175 mil usuários, a maioria aposentados e pensionistas, que encontraram na ferramenta, por exemplo, a facilidade de realizar a prova de vida por reconhecimento facial, sem sair de casa.

Até 2020, todas as solicitações funcionais de servidores da ativa, aposentados e pensionistas gaúchos eram feitas por e-mail, telefone ou atendimento presencial. Contracheques, férias, recadastramento e dúvidas sobre consignações, por exemplo, geravam um volume imenso de demandas, que muitas vezes demoravam a ser resolvidas.  “Nosso desejo era melhorar a relação com o servidor, atender de forma mais ágil e assertiva”, lembra Milton Costa, um dos mentores do projeto, que, em 2020, era chefe da Divisão de Gestão da Folha de Pagamento do governo gaúcho.

São oferecidas várias possibilidades: solicitar férias, autorizar consignações, acompanhar processos, fazer adesão ao teletrabalho e consultar cursos de instituições parceiras, como a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Há também uma área dedicada aos gestores, para homologação de pedidos e acompanhamento de fluxos diretamente pelo celular.

Foi em oficinas de design thinking que servidores da ponta, em áreas da  educação, saúde e segurança, ajudaram a desenhar as primeiras funcionalidades do aplicativo. “A diretriz desde o início foi clara: tudo nasce da escuta do servidor”, reforça Eduardo Lacher, que à época era subsecretário adjunto do Tesouro e hoje é coordenador do programa de  Inovação do governo estadual.

A proposta não foi apenas digitalizar serviços, mas repensá-los. “Não se trata de pegar um formulário em papel e colocar online. Revisamos fluxos internos, otimizamos rotinas e entregamos um serviço melhor para o servidor e para a área que executa a tarefa”, explica a servidora Karina Yamashiro, analista tributária e co-gestora do projeto.

 

Da eficiência à humanização do serviço público

Nos últimos anos, o aplicativo ganhou um novo uso: o cuidado com o bem-estar. A funcionalidade saúde e bem-estar permite adesão gratuita à plataforma Wellhub, com aulas online de yoga, pilates, funcional e meditação. O serviço também abre portas para planos presenciais em academias parceiras. A adesão disparou após campanhas no aplicativo durante o setembro amarelo, voltadas à saúde mental.“O app passou de uma ferramenta funcional para uma ferramenta que cuida do servidor enquanto ser humano”, observa Eduardo Lacher.

A avaliação positiva da ferramenta digital pode ser percebida no dia a dia. Durante a enchente de 2024, quando os sistemas estaduais ficaram fora do ar por dois meses, comentários nas plataformas pediam a volta urgente do aplicativo. “Se ninguém sentisse falta, é porque não teria utilidade. Mas o servidor sentiu, e isso mostrou que entregamos algo de valor real”, argumenta Karina.

Além disso, a ferramenta consolidou um ciclo virtuoso: quanto mais funcionalidades entram no aplicativo, mais processos internos são revisados e simplificados, retroalimentando ganhos de agilidade para os servidores e para a máquina pública.

A experiência bem-sucedida da ferramenta digital chamou atenção de fóruns nacionais, como o Grupo de Desenvolvimento Servidor Fazendário (GDFAS), e já desperta interesse de outros estados. “Embora cada sistema de RH seja específico, o modelo é replicável. O conceito pode inspirar qualquer secretaria ou órgão que queira modernizar sua relação com o servidor”, avalia Milton Costa.

Para os idealizadores, o maior mérito foi unir diferentes órgãos, revisar processos e conquistar a adesão espontânea dos servidores. “No início, tínhamos receio de que o app fosse criticado como paliativo diante da demanda por melhores salários. Mas não: os servidores abraçaram a ideia porque viram melhorias reais na vida cotidiana”, comemora Lacher.

Mais que uma solução tecnológica, o App Servidor RS se tornou um símbolo de gestão inovadora, colaborativa e humana. “É um dos projetos que mais me orgulho nesses 34 anos de serviço público”, resume.