Segurança
Pública

Neylen Bruggemann Bunn Junckes

Florianópolis, Santa Catarina

Trajetória

A trajetória de Neylen Bruggemann Bunn Junckes no serviço público se tornou sinônimo de luta para transformar realidades. Assistente social há mais de três décadas, a profissional começou a trabalhar na Secretaria de Estado de Segurança Pública de Santa Catarina em 2007, atendendo adolescentes no sistema socioeducativo de meio fechado. Nesses 12 anos no cargo, enfrentou muitos desafios; mas, em todos eles, a profissional teve certeza dos frutos que seus esforços iriam gerar.

O primeiro lugar em que trabalhou como profissional pública foi no Centro de Educacional Regional (CER) São Lucas, na Grande Florianópolis. Lá, encontrou um cenário de abusos e violações aos direitos do jovens internados na unidade. Logo, Neylen se mobilizou para mudar as situações vividas ali, oferecendo assistência, escuta e um tratamento mais humanizado. Também denunciou as violências que aconteciam no centro, o que levou ao fechamento do CER, em 2010, e sua demolição. Com isso, foi possível reconstruir um novo centro atendimento baseados no respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

A coragem e a determinação da assistente social a fez ser perseguida e receber ameaças — até mesmo de morte. Porém, não desistiu de sua luta contra as violações aos direitos dos jovens no sistema socioeducativo. A resiliência de Neylen e suas amigas contra as represálias que sofriam rendeu ao grupo o apelido de “trio parada dura”. O que, no final, só as deu mais força para continuar enfrentando os abusos que aconteciam.

Além dos ataques, a assistente tinha outro obstáculo a enfrentar: o simples fato de ser mulher. Como a profissional conta, dentro de uma lógica machista, ela era vista como alguém menos capacitado do que os homens que atuavam dentro do sistema socioeducativo. Até mesmo as roupas que vestia eram alvos de críticas sem fundamentos. Mais uma vez, a assistente não se deixou abalar. Neylen sabia que ser mulher e ter atendimento acolhedor com os jovens internados era o seu diferencial. A forma que a profissional tratava os adolescentes, com um abraço ou um tom mais suave — o oposto de como agiam seus colegas de trabalho — aumentavam a chances deles serem ressocializados.

O motivo para isso é que os jovens passaram a ser tratados — e a eles mesmo se verem — como seres humanos. Antes de se tornar profissional pública, Neylen fez parte do projeto Sentinela, do Governo Federal, para trabalhar com crianças e adolescentes vítimas de abuso. A vivência fez com que ela entendesse que os adolescentes que chegavam ao sistema socioeducativo eram o resultado das violências sofridas ao longo da infância.

Essa trajetória fez com que a profissional compreendesse a importância de pequenos gestos de acolhimento, de amparo e mesmo de amor na transformação da sociedade. Assim, segue sua máxima de que toda criança ou adolescente que comete uma infração pode e deve ser reinserido na sociedade. Mesmo com todos os obstáculos que viveu, Neylen viu pelo resultado de seu trabalho como ela faz parte de uma mudança fundamental para a construção de um mundo mais justo, não deixando nenhuma vida de lado ou marginalizado.

Carla Guaitanele – Finalista

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