Meio Ambiente

Larissa Suassuna

Pernambuco (PE)
Finalista no eixo Meio Ambiente

Trajetória

Apaixonada pela escrita desde pequena, Larissa por pouco não seguiu o caminho de outro Suassuna. Natural de Recife (PE), herdou da mãe o orgulho de servir ao coletivo e do pai a vontade de fazer justiça. Entre poemas e o ímpeto de defender as causas que acredita, se encontrou no curso de Direito. Formou-se pela UFPE e foi aprovada no concurso da Advocacia-Geral da União (AGU) assim que saiu da universidade. Aos 24 anos, sem nunca ter deixado a casa dos pais ou a capital antes, partiu sozinha rumo a Santarém, no interior do Pará. Ali, pela primeira vez com a caneta na mão, em 2011 começava a sua jornada como procuradora federal, atuando em defesa dos interesses do Ibama e do ICMBio.  

No coração da Amazônia, não demorou muito para a idealização dar lugar à realidade. Ao contrário do que imaginava, ambos institutos eram vistos por muitos como vilões — não só por aqueles que queriam explorar a floresta, mas também por comunidades tradicionais que ocupavam o espaço muito antes do governo federal. Transformar a desconfiança em diálogo demandou o mergulho em um universo que até então ela não conhecia. Por um lado, estava encantada pela riqueza daquele ecossistema; por outro, estava diante de um cenário marcado pela pobreza e ausência de políticas públicas.  

Um dos maiores desafios que enfrentou foi conciliar os interesses do Ibama e do ICMBio em áreas de preservação ambiental com o direito das comunidades que viviam há décadas naquelas regiões. Os conflitos eram históricos e, para solucioná-los, Larissa precisou ouvir, ter humildade para reconhecer erros do passado e conversar cara a cara com as pessoas. Abandonou incontáveis vezes o conforto do escritório para ir até as comunidades debater com as lideranças — sem apelar para jargões jurídicos que mais afastam do que aproximam. “Isso é cidadania”, afirma.  

Foi assim, descendo do “pedestal”, que Larissa intermediou três acordos, entre 2017 e 2018, que tramitavam há mais de uma década envolvendo sobreposição de unidades de conservação ambiental com comunidades tradicionais. Graças ao seu trabalho no Parque Nacional do Descobrimento (BA), lar dos indígenas pataxós; na Reserva Biológica de Trombetas (PA), território quilombola; e no Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), onde vivem comunidades tradicionais como os canastreiros, o caminho para a dupla preservação — tanto dos órgãos ambientais quanto dos povos que vivem ali — foi aberto.

“A lei, muitas vezes, não tem uma resposta pronta. É muito bom quando a gente tem a boa vontade de criar interpretações jurídicas que garantam os direitos de ambos os lados”, explica. “Foi isso que a gente fez: construir interpretações jurídicas que permitam que a gente consiga garantir não só a conservação, mas também o direito desses povos.”

Por acreditar na potência do diálogo como instrumento de cidadania, Larissa Suassuna é finalista no eixo Meio Ambiente do Prêmio Espírito Público 2022.

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