Segurança
Pública

Jacqueline Machado

Campo Grande, Mato Grosso do Sul

Trajetória

Quando era criança, Jacqueline Machado ouviu uma frase que a marcou: “Isso menina não faz”. Ainda pequena, a futura magistrada já começava a se perguntar sobre o que aquela fala significava, o por que de algo “não ser coisa de menina”. Não imaginava que, anos mais tarde, esse pensamento se tornaria o fio condutor de seu trabalho. Jacqueline é juíza na 3ª Vara de Violência Doméstica e Familiar de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Tornou-se profissional pública há 18 anos, após ter feito um curso de preparação para Magistratura na época que ainda era advogada autônoma. Sentiu sua vocação e decidiu arriscar.

Em 2001, assumiu o cargo de juíza na comarca de Amambai, cidade com pouco mais de 30 mil habitantes. Nos primeiros 15 anos como magistrada, Jacqueline passou por mais três comarcas do interior sul-mato-grossense antes que fosse promovida para a capital do estado, Campo Grande.

Ao longo dessa trajetória, a juíza fez com que seu trabalho fosse para além da toga e da tribuna. Desenvolveu projetos em áreas diversas; desde os voltados para a ressocialização de apenados (presos), em Amambai, até palestras e iniciativas para combater a exploração e o turismo sexual infantil em Rio Negro. Como juíza titular da Vara da Infância e Juventude de Camapuã, criou o primeiro Centro de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, o “Espaço Criar” — uma parceria feita com o Ministério Público e a Prefeitura da cidade.

Em 2005, Jacqueline assumiu como titular da Vara da Infância e Juventude, em Nova Andradina, onde ficou por 11 anos. Lá, desenvolveu projetos que mais uma vez causaram um impacto positivo na sociedade; desta vez visando a proteção da infância e o incentivo a cultura da adoção. Com a proximidade que teve com as crianças que viviam no abrigo, a juíza percebeu que a maternidade poderia vir de outra forma do que apenas a gestação. Decidiu, então, adotar sua segunda filha.

A trajetória de uma década e meia como profissional pública, estava lhe trazendo cada vez mais reconhecimento. Foi então que, em 2016, ao ser transferida para a capital do Mato Grosso do Sul, para atuar como titular da 3ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher — conhecida como a primeira de medidas protetivas do país. No ano seguinte, Jacqueline foi nomeada para assumir a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar. Desta forma, a juíza passou a ser responsável pelas ações na área em todo estado sul-matogrossense.

Jacqueline pôde novamente se conectar com o pensamento que sempre carregou consigo ao longo da carreira. A crença na equidade entre gêneros a fez criar e executar novos projetos que atuassem não só no combate à violência e na tutela das vítimas, mas em sua prevenção, repensando e discutindo os direitos das mulheres e a igualdade de gêneros. “Sempre lutei por essa igualdade de gênero sem ter nome, ou sem saber qual era o nome; por não aceitar essa alegada ‘impossibilidade’ das meninas de fazer o mesmo que os meninos faziam”.

Atualmente, a coordenadoria de Jacqueline executa 13 projetos. Entre eles, há o “Mãos emPENHAdas contra a violência”, que capacita profissionais da beleza para levar informações de qualidade sobre o como enfrentar e prevenir a violência contra a mulher. A iniciativa já foi replicada em outros estados Brasil, como Piauí, Pará e São Paulo.

Carla Guaitanele – Finalista

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