Renata Valéria não tinha nem 48h no mundo quando a sua história de luta começou. Adotada com apenas dois dias, ela costuma dizer que “a minha mãe não me deu a vida, mas me deu o sentido da vida”. Natural de Limoeiro do Norte (CE), sua paixão pela natureza e o respeito pela agricultura familiar floresceram no quintal de casa, onde seus pais cultivavam uma grande variedade de frutas, ervas e flores. Renata cresceu sem acesso a recursos financeiros, mas nunca deixou de ser incentivada a estudar — mesmo após ter ficado grávida ainda na adolescência. O acolhimento da sua rede de apoio permitiu que ela concluísse o ensino médio e depois ingressasse no curso de Ciências Biológicas da Universidade Regional do Cariri (Urca).

Na faculdade, Renata apaixonou-se pelo universo do ensino, pesquisa e extensão e decidiu que seria professora universitária. Para ela, era uma forma de retribuir à sociedade todas as oportunidades que estava recebendo. Fez mestrado em Zootecnia na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e depois doutorado na Universidade Federal do Semiárido (Ufersa), em 2014. A sua trajetória no serviço público começou como professora substituta na UFCG em 2008 e, desde 2010, é professora efetiva na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Renata percebeu na UFRPE que não havia ninguém olhando para a criação de abelhas, uma atividade que contempla o tripé da sustentabilidade e tem enorme potencial na Zona da Mata e no Sertão de Pernambuco. A partir dos estudos realizados na sua tese de doutorado, ela desenvolveu um experimento com o objetivo de ajudar os apicultores da região a evitarem a perda de abelhas no período de escassez de flores, que deixava até 80% das colmeias vazias. Por meio de alimentação artificial e substituição apenas das rainhas em colônias com problemas, a produção de mel cresceu cerca de 50%.