Eixo Intersetorial

Andrea Pulici

Rio de Janeiro (RJ)
Finalista no eixo Intersetorial

Trajetória

A ligação de Andrea Pulici com os diferentes Rios do Rio de Janeiro (RJ) começou ainda na infância, quando ouvia as histórias contadas por sua mãe, professora de escola pública. Nascida e criada na cidade maravilhosa, ainda no pré-vestibular encantou-se pela Geografia, ingressando no curso da UFRJ pouco depois. Nos primeiros períodos, entrou em um laboratório de estudo sobre clima urbano que realizava trabalho de campo nas favelas da cidade frequentemente. De acordo com ela, a experiência foi um divisor de águas para o despertar o seu interesse por políticas públicas que tivessem como foco o combate às desigualdades urbanas.

Apaixonada pela cidade que conhecia pelas lentes da geografia, Andrea fez mestrado e doutorado em Planejamento Urbano, também pela UFRJ. Por 17 anos, foi referência no meio acadêmico e coordenou pesquisas no Brasil e na América Latina. Com o passar do tempo, no entanto, surgiu o ímpeto de fazer com que as ideias pensadas ali alcançassem mais pessoas.

Após diversas trocas com o Instituto Pereira Passos (IPP), órgão de pesquisa em urbanismo da Prefeitura do Rio de Janeiro, recebeu um convite em 2012 para coordenar os projetos urbanos construídos no IPP. O objetivo era usar os dados como base para a formulação de políticas públicas efetivas para a população mais vulnerável. 

Um dos projetos de maior impacto que coordenou é o Territórios Sociais, feito em parceria com a ONU-Habitat, que atua desde 2017 na identificação e assistência a famílias que vivem em áreas “invisíveis” ao poder público, como os complexos do Alemão, da Maré e do Jacarezinho. Por entender que os problemas não se restringem ao urbanismo, mas impactam o atendimento da rede de saúde, o desempenho na educação, o acesso à cultura e ao emprego e muitos outros eixos, o programa é conduzido em parceria com diferentes secretarias do governo municipal. Assim, o Estado é capaz de dar uma resposta multidimensional aos cidadãos.

O modelo é baseado em três pilares: busca ativa de famílias em situação de vulnerabilidade, plano de ação integrado com nove secretarias do município e monitoramento dos resultados por meio de indicadores multidisciplinares. Hoje, mais de 36 mil famílias que moram nas favelas do Rio de Janeiro fazem parte do Territórios Sociais e 84% saíram da extrema pobreza graças ao programa. 

“Uma das coisas que eu aprendi muito como pesquisadora é que a gente não sabe tudo. Você necessita de um trabalho de escuta, conversar com os parceiros que trabalham na ponta e com a população alvo do projeto”, explica Andrea. “Todos os nossos projetos são intersetoriais. O objetivo é tentar fazer uma política de Estado onde ninguém é dono de projeto nenhum, somos todos Prefeitura.” 

Por acreditar na construção de um projeto de cidade que garanta que políticas públicas alcancem cidadãos historicamente invisíveis ao Estado, Andrea Pulici é finalista no eixo Intersetorial do Prêmio Espírito Público. 

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