Meio Ambiente

Eveline Trevisan

Belo Horizonte (MG)
Finalista no eixo Meio Ambiente

Trajetória

Aos seis anos, Eveline Trevisan disse que queria ser arquiteta. Nascida e criada em Belo Horizonte (MG), a vontade ingênua começou a amadurecer quando ingressou no curso técnico em Edificações no CEFET. Lá, participou de mutirões que construíram casas para a população que havia perdido tudo nas enchentes — recorrentes na capital mineira na época — e teve dimensão do impacto social do que sempre almejou. 

Formou-se em Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix e, quase 20 anos mais tarde, decidiu fazer mestrado em Ciências Sociais pela PUC-MG, com o objetivo de observar a cidade sob o ponto de vista antropológico — áreas que depois convergiram no doutorado em Urbanismo pela UFMG sobre a construção de “ruas de estar”. Assim como a sua trajetória acadêmica, Eveline conta que a carreira no serviço público também não seguiu o caminho tradicional.  

Aos 24 anos, foi convidada por uma antiga chefe para trabalhar na Prefeitura de Belo Horizonte na área de urbanismo da Regional Centro-Sul, onde ficou por oito anos. Durante a experiência, integrou a equipe responsável pelo Orçamento Participativo, projeto que convocava os cidadãos a participarem do direcionamento da verba pública por meio de assembleias populares. Encantada com a possibilidade de construir a cidade coletivamente, Eveline adotou a participação como base de todos os trabalhos que faria posteriormente.  

Em 2001, assumiu o desafio de repensar a mobilidade urbana de Belo Horizonte na área de planejamento da BHTrans — e dar início ao sonho de construir uma cidade com menos carros e mais sustentável. Para além da logística, o trabalho demandava uma mudança cultural. Embora a capital mineira tenha sido a primeira cidade do Brasil a criar um plano de mobilidade urbana, em 2010, avançar com os projetos necessários só seria possível entendendo o que a sociedade civil queria e, sobretudo, o que não queria. 

Como coordenadora de Sustentabilidade e Meio Ambiente na BHTrans, construiu um plano cicloviário junto com os ciclistas pelo Grupo de Trabalho Pedala BH. A partir das discussões levantadas com eles, outro projeto, o Zona 30 — ruas com limitação de velocidade em 30 km/h — também pôde sair do papel. Afinal, em uma cidade sem muito espaço como BH, para as ciclovias entrarem, algo precisa sair. Para isso, foi necessário convencer a população de que os benefícios não seriam apenas dos ciclistas: com áreas mais lentas, crianças, idosos e pessoas com deficiência podem andar com mais segurança. O projeto foi posto em prática em regiões piloto da capital por meio de intervenções temporárias, que eram avaliadas pelos moradores e só se tornaram definitivas após a implementação das mudanças que julgaram necessárias.  

“Não tem jeito de fazer urbanismo se não for com as pessoas completamente dentro do processo”, aponta. “A gente precisa entender que em Belo Horizonte 54% das emissões dos gases do efeito estufa vêm da rede de transporte, então, se a gente não rediscutir a forma com que as pessoas se deslocam, a gente não tem como falar de sustentabilidade.” 

Por construir “ruas de estar” para a população através da participação ativa da sociedade civil, Eveline Trevisan é finalista no eixo Meio Ambiente do Prêmio Espírito Público.  

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