Segurança Pública

Natália di Lorenzo

Macapá (AP)
Finalista no eixo Segurança Pública

Trajetória

Filha de um professor de física e uma professora de matemática, Natália di Lorenzo cresceu com o sonho de construir algo. Por muito tempo, achou que faria isso na Engenharia Mecânica, faculdade que escolheu quase como um caminho natural para alguém cercada pelo mundo das exatas desde cedo. Natural de Recife (PE), formou-se no curso pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e começou sua carreira no setor de óleo e gás. Depois de alguns anos na indústria, sentiu que precisava fazer algo com propósito, em prol da comunidade — foi quando redirecionou sua rota completamente para o serviço público.

De Recife para Macapá (AP), Natália fez o concurso da Polícia Federal para papiloscopista, profissional da área da perícia especializada em identificação e diferenciação humana por meio de digitais. Após assumir a função, percebeu que a forma como o processo era feito no estado era inefetivo e atrasado, com arquivos apenas em meios físicos que abriram margem para erros graves. As consequências de falhas na identificação de pessoas estão muito mais próximas da realidade do que aparentam à primeira vista. Sem um sistema biométrico rápido e eficiente, pessoas inocentes são condenadas, mandados de prisão são expedidos com nomes falsos, fraudes em benefícios sociais ficam mais fáceis e pacientes de hospitais não podem ser identificados, por exemplo.

Natália decidiu transformar o incômodo em atitude, ainda que para isso tivesse que assumir riscos e enfrentar resistências internas. Desenvolveu, então, o Projeto Higidez e Integração dos Sistemas de Identificação, que teve como resultado a digitalização de quase 1 milhão de prontuários de identificação civil do Amapá, tornando o estado o primeiro do Brasil a ter toda a sua base biométrica individualizada e integrada a bancos de dados nacionais. A iniciativa contou com uma força-tarefa formada por diferentes órgãos públicos, incluindo o Instituto Nacional de Identificação em Brasília.

A partir do trabalho, que gerou novas informações criminais, diversos casos puderam ser solucionados pela Polícia Federal, sobretudo envolvendo falsidade ideológica, mas também de crimes de homicídio, estupro, roubos e furtos. Os ganhos para a sociedade foram enormes e, agora, o projeto está sendo feito no estado da Paraíba, que conta com três vezes mais prontuários que o Amapá. Segundo Natália, o sistema tem capacidade para ser implementado a nível nacional e integração entre estados e o governo federal já está sendo planejada.

“Existe uma cultura que está se implantando na Polícia Federal de gestão estratégica. Eu acho que juntar tantas pessoas diferentes, de órgãos diferentes, para fazer um trabalho fluir de maneira integrada é a maior conquista”, celebra Natália. “Conseguimos realizar uma atividade que estava para ser feita há muitos anos, de baixíssimo custo, que muda principalmente a celeridade e a eficiência no processo de identificação humana.”

Por buscar soluções inovadoras para velhos problemas por meio do trabalho coletivo, Natália di Lorenzo é finalista no eixo Segurança Pública do Prêmio Espírito Público 2022.

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