Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, neto de um quilombola e uma indígena, Wesley Matheus carrega consigo as lições dos que vieram antes para inspirar os que virão depois. A primeira delas aprendeu logo cedo: “a caneta tem poder”, dizia sua avó. A ideia de conseguir mudar a realidade — sua e dos outros —, parecia distante para um jovem negro que cresceu em meio à vulnerabilidade socioeconômica. Apesar da pouca idade, não custou para descobrir que a sua caneta seria usada para fazer ciência — não aquela dos microscópios, mas a que investiga os problemas sociais que via desde novo.

Aos 19 anos, ingressou no curso de Ciências Sociais na UFMG, onde se encantou pelo universo da pesquisa. Fez mestrado e doutorado em Ciência Política com foco em combate à desigualdade e gestão baseada em evidências. Em 2009, a experiência acadêmica uniu-se ao desejo de transformar, por meio do serviço público, o estado onde nasceu.

Ao longo da sua trajetória, Wesley destacou-se por aplicar técnicas inovadoras de análise de dados, como aprendizagem de máquina, ao cotidiano de gestão. A estratégia motivou a construção de uma pós-graduação em dados no Tribunal de Contas de Minas e um projeto que avaliou um orçamento de quase R$ 300 milhões dedicado à redução da pobreza rural. A iniciativa, além de ter sido premiada pela inovação, rendeu um convite para trabalhar em Moçambique e Malawi de 2018 a 2020.