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Produção de algodão orgânico na Paraíba oferece novas oportunidades e mais renda para agricultores

Iniciativa implantada em 2012 beneficia 700 famílias de áreas semiáridas do estado.

Combater a insegurança alimentar, assegurar renda para famílias de agricultores e ainda empregar um método de plantio que adere aos princípios da agroecologia foram os pilares que consolidaram o Projeto Algodão Paraíba. Desenvolvido pela Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), o programa foi lançado em 2012 pelo governo estadual. Atualmente, proporciona trabalho e renda para 700 famílias de agricultores de áreas semiáridas da Paraíba.

O Projeto Algodão Paraíba é um dos finalistas do Prêmio Espírito Público na categoria Meio Ambiente e Emergência Climática do 7º Prêmio Espírito Público, organizado pelo Instituto República.org, que reconhece e valoriza profissionais públicos.

A ideia surgiu em 2009, quando os extensionistas Ricardo Pereira de Farias e Justino Vieira identificaram três plantadores de algodão de São Miguel de Taipu, cidade que fica a 60 quilômetros de João Pessoa, que não tinham certeza de quem compraria o que foi cultivado.

“Além da dificuldade para escoar a produção, os agricultores tinham problemas com pragas e outros problemas no manejo. Começamos a trabalhar com eles incentivando o plantio de algodão orgânico, produto procurado pela indústria têxtil”, explica Ricardo Pereira de Farias.

Formado em Zootecnia, Ricardo Pereira é paraibano, da cidade de Sapé, na Zona da Mata. É servidor público há 18 anos e trabalha como extensionista, atuando como um elo entre a pesquisa e os agricultores. Especialista em agroecologia, ele orienta os agricultores sobre o cumprimento das regras exigidas para que o algodão seja certificado como produto orgânico.

 

Algodão recebe selo de orgânico após análise de organizações certificadoras

Com o programa, agricultores passaram a ter a compra garantida de toda a produção, por meio de uma articulação com empresas que adquirem a pluma do algodão para diversos fins. Ao aderirem ao projeto, os agricultores têm a informação real e garantida do valor que será pago por seu produto. Sabem ainda onde deverão entregar a sua produção, quando deverão fazê-lo e a data em que receberão a remuneração.

Hoje, sete empresas tanto nacionais quanto internacionais compram o algodão do projeto, contratando organizações certificadoras para que o algodão possa receber o selo de orgânico.

 

Estado tem maior parte de território em solo semiárido

A safra agrícola de 2024 teve a produção de 162 toneladas de algodão em rama e pluma, que geraram um valor total de R$852.686 para a economia estadual, com uma renda de R$2.300 por família beneficiada.

“O plantio do produto de maneira ecossustentável tem sido uma exigência crescente da indústria. Além de possibilitar o equilíbrio ecológico, o algodão orgânico está sendo escolhido por não causar alergias e é o material ideal para a confecção de roupas para bebês”, acrescenta Ricardo.

A Paraíba tem a maior parte de sua terra com clima semiárido. Isso significa que lá chove pouco e as chuvas acontecem de forma irregular. A geração de algodão já constituiu um dos principais métodos de obtenção de renda no estado, até os anos 1980.

Com ciclo cultivo de cinco meses, o plantio é realizado de maio até o final do inverno. No intervalo, os agricultores são orientados a fazerem a policultura, prática que visa a cultivar uma variedade de produtos, como milho, gergelim e outras culturas na mesma área para o sustento da família, promovendo tanto a diversidade de alimentos quanto a conservação do solo e o controle de pragas sem uso de agrotóxicos.

Segundo Ricardo Pereira de Farias, há regiões em que ocorrem experiências de associação coletiva. Na cidade de Itatuba, que fica na região metropolitana de Campina Grande, são 20 famílias cultivando em uma área coletiva de 20 hectares.

 

Experiência despertou interesse de outros estados e países

A proposta do Projeto Algodão Paraíba foi elogiada por outros estados do país, como o Rio Grande do Norte, que conseguiu colocar a ideia em prática com sucesso. Minas Gerais, Ceará e Pernambuco também estão interessados. Além disso, a Empaer está trabalhando com diferentes países da América Latina e do Caribe para difundir essa modalidade de cultivo do algodão.

A parceria internacional é coordenada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), uma agência especializada das Nações Unidas (ONU) dedicada à erradicação da fome, melhoria da nutrição e segurança alimentar global. A Agência Brasileira de Cooperação, que faz parte do Ministério das Relações Exteriores, também faz parte dessa coordenação.

“O projeto tem questões sociais importantes. A participação das mulheres, fixação de jovens nas cidades e especialização da mão de obra”, avalia o extensionista.

 

Projeto emite documentos para inclusão e ressocialização de presos do sistema penal do Espírito Santo

A reinserção de detentos na sociedade ainda representa um grande obstáculo no sistema carcerário do país. Muitos internos enfrentam dificuldades para acessar direitos fundamentais, como saúde e educação, por não possuírem documentos de identificação. No Espírito Santo, o Projeto Identifique-se, implementado em 2018 pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), visa a enfrentar essa situação, oferecendo oportunidades para que detentos exerçam o direito à cidadania. Em sete anos de atividade, mais de 30 mil pessoas puderam ser assistidas.

Ambulatório de atendimento de saúde a pessoas transgêneras na UERJ é referência
10/10/2025

Apesar de terem garantido o direito de atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), as populações transgênera, travesti e não-binária enfrentam dificuldades em receber acesso e tratamento adequados na rede pública. Para garantir assistência a todos, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) inaugurou, em 2022, o ambulatório Identidade, que oferece assistência a esse recorte social. Atualmente, o serviço atende cerca de 500 pessoas.