Um direito fundamental presente da Constituição de 1988, a saúde é uma das condições mais básicas para a garantia da dignidade humana. É um dever do Estado e, portanto, do serviço público.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é o meio pelo qual os cidadãos e cidadãs têm acesso à saúde pública. Foi através do incansável trabalho dos profissionais do SUS que muitas pessoas sobreviveram à Covid-19 nos últimos dois anos.
Rodrigo Oliveira: participação social para combater o vírus
A pandemia foi um marco para a carreira pública do médico sanitarista Rodrigo Oliveira. Na mesma semana em que ele assumiu o cargo de secretário de Saúde em Niterói, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a doença chegou ao Brasil.
Para lidar com a maior crise sanitária e hospitalar do século, o médico precisou correr contra o tempo. Elaborou um Plano Municipal de Saúde em conjunto com a população que, mesmo em isolamento social, enviou opiniões e propostas. No novo plano, estava prevista a construção do Hospital Municipal Oceânico Gilson Cantarino, que se tornou referência no tratamento da doença, com a implementação de um protocolo de testagem em massa, assistência de telemonitoramento dos pacientes com suspeita de Covid-19, entre outras ações.
A iniciativa foi premiada pela ONU e colocou Niterói como uma das quatro cidades modelos da América Latina no combate à pandemia. Devido a essa trajetória engajada e comprometida não apenas com a saúde, mas também com a participação social, Rodrigo foi um dos vencedores do Prêmio Espírito Público 2021. “O que me move é a convicção de que um país só vai ser plenamente desenvolvido se for democrático. E ele só será plenamente democrático se essa democracia for substantiva, recheada de direitos. Um direito básico fundamental para o desenvolvimento da democracia, mas também para o desenvolvimento de um país é a saúde”, afirma Rodrigo.
Iris Bessa: escuta ativa e promoção da saúde dos povos indígenas
Por falar em democracia, o diálogo e a escuta estão entre os principais instrumentos de trabalho dos profissionais públicos. Foi assim que a pedagoga Iris Bessa conquistou a confiança dos povos indígenas em Santa Catarina, estando à frente da Secretaria do Conselho Estadual dos Povos Indígenas (CEPIn/SC).
Essa relação construída ao longo do tempo, levando em conta as especificidades culturais, foi essencial para Iris conseguir – quando veio a pandemia – assistência aos mais de 12 mil indígenas dos povos Guarani, Xokleng e Kaingang, residentes na região de Santa Catarina. Em parceria com órgãos públicos e sociedade civil, ela criou um amplo projeto para minimizar os impactos do coronavírus em Terras Indígenas, que viabilizou a desafiadora logística de arrecadação de alimentos, insumos e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
“O que me motiva diariamente, como funcionária pública que trabalha com a causa indígena, é o respeito aos povos indígenas e às suas especificidades culturais. Isso me faz resistir e lutar para fazer valer as políticas públicas que eles têm direito e concitar a criação de novas políticas que cheguem ao encontro de suas demandas. Trabalhando com e pelos povos indígenas aumentou a minha perseverança. Meu eixo motivador diário é a frase ‘resistir sempre, desistir jamais’”, diz.
Giane Moeckel: práticas integrativas e multidisciplinares de cuidado
Guiada pela vontade de ajudar, a curitibana Giane Moeckel sempre realizou trabalhos sociais junto à comunidade. Mas, em dado momento, sentiu a necessidade de se aprofundar e fazer da solidariedade um caminho profissional. Encantou-se pelo trabalho dos agentes comunitários de saúde e resolveu ser uma deles. Dentro do SUS galgou degraus e chegou à enfermagem.
Na Unidade Básica de Saúde (UBS) onde trabalha, em São José dos Pinhais (PR), participou do desenvolvimento de projetos que utilizam Práticas Integrativas e Complementares para promover o bem-estar de pacientes e colegas. Formar grupos de apoio que tenham atividades de arteterapia, oficinas de trabalhos manuais, feiras solidárias com moedas próprias e orientações sobre saúde com equipes multidisciplinares têm sido o foco do trabalho de Giane, reconhecido pelo Prêmio Espírito Público 2021. Para ela, carregar esse espírito é “praticar a empatia, estar no lugar do outro, deixar o seu ‘eu’ em casa e ser o outro”.
Acredite no seu poder de transformação.