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Servir ao meio ambiente é assumir um compromisso fundamental com a vida

A vida na Terra depende exclusivamente dele. Defender o meio ambiente é necessidade de primeira ordem, embora muitos ainda negligenciem este fato.

No serviço público, trabalhar para assegurar o equilíbrio dos ecossistemas ganha outras dimensões, um compromisso fundamental com a vida, nestes tempos em que a Amazônia, por exemplo, atinge índices recordes de desmatamento, agravando as consequências desastrosas das mudanças climáticas.

Estas alterações impactam diretamente os regimes de chuvas e, em determinadas regiões do país, causam escassez de recursos hídricos, que levam à seca. Dessa forma, cai por terra a ideia de que a água é um recurso inesgotável.

Cleane Pinheiro: por uma distribuição justa e uso consciente da água no Amapá

A geóloga Cleane Pinheiro, como gerente do Núcleo de Fiscalização de Recursos Hídricos do Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Amapá (Imap), descobriu que o estado não tinha uma regulação do uso da água, o que impossibilitava saber a quantidade utilizada, quem usava e como melhorar a sua distribuição. Antes de mais nada, Cleane precisava desmistificar entre as pessoas a noção de que a água nunca termina.

Em 2018, Cleane conseguiu que a outorga fosse regulamentada e, em 2020, participou da concepção do projeto “Legal É Se Regularizar”. Agora, os moradores da região podem regularizar o uso da água de suas casas através da internet, têm maior segurança jurídica com a documentação e a garantia de que o recurso hídrico será melhor distribuído para todos.

“Eu sou da Amazônia, tenho essa relação pessoal com o meio ambiente, com a água. Minha motivação principal é poder trabalhar para que haja água disponível em quantidade e qualidade para a nossa e para as futuras gerações”, afirma Cleane, que por sua luta para garantir o acesso à água, um direito básico, foi uma das vencedoras do Prêmio Espírito Público 2021 no eixo Meio Ambiente.

Natália Coelho: sociedade e natureza caminhando de mãos dadas

Atuando em áreas de conflitos relacionados à causas socioambientais, a arquiteta e servidora do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Natália Coelho, passou por desafios, mas não desistiu. De 2006 a 2010, idealizou e coordenou o Projeto Jacarandá, iniciativa de fomento ao desenvolvimento ambiental para núcleos comunitários.

A experiência serviu para que, em 2011, ela participasse da fundação de um programa ainda mais robusto dentro do Serviço Florestal Brasileiro, o Projeto Arboretum. Com o propósito de criar uma parceria entre a floresta e as pessoas que vivem em seu entorno, o projeto capacitou comunidades indígenas, rurais e assentamentos para coleta e produção de mudas e sementes. Além de garantir renda para coletores e viveiristas, mais de mil hectares já foram restaurados graças à produção. Hoje, o viveiro florestal do Arboretum tem uma das maiores diversidades de espécies do mundo.

“A gente precisa trabalhar de forma inteligente e sustentável, e valorizar essa reserva de florestas maduras na paisagem antes que desapareçam completamente, embora estejam muitas guardadas nas Unidades de Conservação. As florestas que estão também em propriedades privadas, em comunidades rurais precisam ser reconhecidas pela sociedade, pelo seu valor ecológico, pelo seu valor de acesso à biodiversidade”, declara Natália, que também ganhou o Prêmio Espírito Público 2021 no eixo Meio Ambiente.

Marcos Lira: ‘o sol que castiga é o mesmo que gera vida’

Se a água, como dito, tem se escasseado com o passar dos anos, é preciso buscar alternativas. O piauiense Marcos Lira tirou de onde menos se espera a energia que faltava para que a água, elemento em falta em certos locais do semiárido brasileiro, chegasse a várias famílias.

O sol, que muitas vezes não perdoa quem vive no sertão, tem sido o grande astro da trajetória de Lira. Intitulado “Sol para Todos”, o primeiro projeto de energia solar do engenheiro elétrico, iniciado em 2016, garantiu energia para um abrigo de idosos em Teresina. No ano seguinte, Marcos teve um papel fundamental na criação de um projeto de bombeamento de água a partir do mesmo tipo de energia. Com recursos de uma emenda parlamentar, ajudou a levar água para 80 famílias no semiárido brasileiro. A iniciativa foi premiada pela ONU. “As pessoas não tinham acesso à energia, mas havia um poço na comunidade. Agora, podem acessar a água desse poço com a energia solar. Veja que (o projeto) tem um viés ambiental, social e também econômico”, explica Lira.

Em 2018, participou da concepção do projeto Escolas Solares, levando – pela primeira vez na história do país – um sistema de energia solar para uma escola na zona rural do Piauí. Por transformar a fonte de muitos problemas em solução, Marcos Lira completa o grupo de vencedores no eixo Meio Ambiente do Prêmio Espírito Público 2021.

 

Acredite no seu poder de transformação.