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Imersão no Chile: um mergulho em outras histórias na gestão pública

As experiências da esfera pública em nações latino-americanas guardam semelhanças, devido à proximidade geográfica entre os países e determinados processos históricos compartilhados. No entanto, particularidades ligadas à realidade de cada país é o que confere ainda mais riqueza ao encontro de profissionais públicos de diferentes lugares da região.

Foi assim ao longo dos três dias de imersão no Chile, entre 14 e 16 de setembro, com a participação de 30 vencedores do Prêmio Espírito Público de 2020 e 2021. Uma viagem planejada há tempos, mas que só pode ser concretizada graças à evolução do quadro de vacinação contra a Covid-19 no Brasil e no mundo.

Na programação, palestras e debates realizados por um grupo de gestores públicos sobre temas como educação, segurança pública, governo digital, meio ambiente, desenvolvimento social e sistema de alta direção pública. Além da troca com profissionais chilenos, essa foi a oportunidade dos vencedores, oriundos de diferentes estados brasileiros, compartilharem entre si conhecimentos, práticas e também a emoção de estar vivendo aquela experiência.

 

Veja como foi a viagem para alguns vencedores participantes:

KÁTIA ARGOLO – vencedora destaque no eixo Governo Digital em 2020

“Para mim, foi uma experiência riquíssima, uma vez que, há mais de 25 anos, trabalho com projetos centrados na entrega de valor público ao cidadão e aprimoramento da gestão pública. No eixo de Governo Digital pude identificar nossos pontos fortes, como a existência de uma Plataforma Transversal focada na inteligência da jornada do cidadão, no consumo de serviços digitalizados e na estruturação de uma área de inteligência de dados. Como desafios para o desenvolvimento da Transformação Digital temos: a construção de um modelo de governança forte e próximo ao principal Executivo do governo do estado da Bahia;  a criação de um arcabouço institucional que assegure a gestão e o atendimento das demandas do cidadão de forma célere, otimizada, proativa e com qualidade;  a avaliação de projetos tecnológicos para o desenvolvimento do backoffice; a definição de uma estratégia corporativa de governança de dados; o engajamento do ecossistema interno (administração pública) e externo (entes privados, terceiro setor, etc) responsáveis por entregar serviços de interesse público de forma integrada. O ambiente da imersão foi extremamente convidativo para novas trocas e modelagens entre todos os envolvidos.”

 

LUANA FARIA – vencedora no eixo Gestão de Pessoas em 2021

“Em uma imersão, a gente não entra apenas em uma outra realidade geográfica, socioeconômica e política. A gente imerge, também, nas histórias das pessoas que conhecemos. Para mim, isso foi o mais bacana: ouvir com profundidade as experiências dos meus colegas, seus fracassos, dores, estratégias de superação e sucessos. Essa conexão, de ideias e corações, transformou minha perspectiva. Quanta gente boa há no serviço público! Esse prêmio é incrível ao dar visibilidade a essas pessoas e suas iniciativas. Para mim, conhecer as pessoas, foi como deixar de enxergar apenas um número, um resultado, para enxergar todo o valor implicado em suas jornadas como servidores. Foi interessante saber o quanto Brasil e Chile têm em comum, em especial, no que concerne a desafios. Outra coisa que me chamou atenção é ver que, para alguns assuntos, como transformação digital, estamos à frente e tínhamos, ali mesmo, no grupo de brasileiros(as), servidores(as) que são referência no assunto.”

 

 

GUILHERME DE ALMEIDA – vencedor no eixo Governo Digital em 2020

“Nesse intercâmbio, eu fiquei fascinado com a possibilidade de conhecer tantas pessoas inspiradoras, vencedoras do Prêmio Espírito Público, mas também de conhecer melhor, com detalhes e com interação pessoal, autoridades do governo chileno, e entender de forma mais aprofundada desafios, dilemas e soluções que eles desenvolveram no dia a dia deles por lá. Foi uma oportunidade e tanto descobrir o poder de uma burocracia estruturada na construção de soluções resilientes e transformadoras para o governo. E também desmistificar alguns aspectos em relação às mudanças implementadas, ao processo constituinte e a como a burocracia em si lida com esses processos de transformação, de uma forma muito clara, didática e inspiradora. Acho que Brasil e Chile possuem ambos burocracias profissionais suficientemente estruturadas com dilemas de países em desenvolvimento, de maneira que algumas das ideias e das soluções por eles desenvolvidas, sobretudo aquelas mais estruturantes, são boas inspirações para a nossa prática cotidiana aqui no Brasil.”

 

MATEUS DE CASTRO POLASTRO – vencedor no eixo Segurança Pública em 2020

“Sem dúvida nenhuma o que mais gostei foi conhecer os demais vencedores dos anos de 2020 e 2021. Incrível a energia dessas pessoas e a capacidade e vontade de fazer a diferença. Conhecer em detalhe cada uma das trajetórias também foi bastante interessante e agregador. Foram dias de intenso convívio que com certeza levarei para resto da vida! Ah, e não posso esquecer também dos organizadores que estavam lá, que são pessoas fora de série. Algumas estratégias aplicadas me pareceram bastante interessantes e com conceito passível de aplicação no Brasil, em diversas áreas. Como exemplo posso citar a experiência na regionalização da educação no país que, devido às dificuldades de fixar pessoal e de gerenciar um país tão extenso, optaram pela implantação gradual, para que não inviabilize o projeto. Outro ponto é a questão da forma de contratação para o alto escalão do serviço público, onde há participação de empresas terceirizadas no processo de seleção e possui regras bem definidas. É uma quebra de paradigma, mas uma interessante abordagem a ser acompanhada. Acredito também que iniciativas na parte de governo digital também tenham espaço para troca de experiência com o que vem sendo realizado no Brasil, de forma que ambos os países possam sair beneficiados e não reinventando a roda em diversos processos. Um fator que me chamou bastante a atenção é que, embora o Chile seja um país bastante organizado, principalmente se considerarmos a realidade da América Latina, ele enfrenta algumas dificuldades que são muito semelhantes às nossas. Se por um lado o Chile não é um país grande e tampouco populoso, ele possui uma geografia peculiar que traz muitas barreiras na implantação de sistemas de saúde, educação, segurança pública, infraestrutura etc. O fato de ser um país bastante extenso traz muitos desafios ao governo, pois grande parte da riqueza está concentrada na região metropolitana de Santiago e chegar a regiões distantes é um desafio.”

 

ROSANGELA PEREIRA – vencedora destaque no eixo Assistência Social em 2021

“Enquanto assistente social e servidora pública da Cidade do Rio de Janeiro, receber uma premiação nacional pelas iniciativas para garantir o acesso às políticas públicas das cidadãs cariocas foi algo único. Na imersão no Chile pudemos conversar e conhecer um pouco mais sobre os excelentes trabalhos e profissionais premiadas(os). Assim como, foi muito rico conhecer profissionais servidores públicos chilenos que nos apresentaram como se pensa e planeja políticas públicas em seu país. Foi uma experiência extremamente potente de conhecimentos, trocas e diálogos entre profissionais de diversos setores e formações do Brasil e Chile. Foi um tempo de aprendizado e renovação de energias que reforçou a convicção da importância do protagonismo das(os) servidoras(es) públicas(os) para a garantia de serviços públicos de qualidade para a população. Retorno ao Brasil com orgulho enorme de ser servidora pública. Bem como com algumas sementes das experiências que foram compartilhadas.  Muito obrigada pela iniciativa e por essa experiência única. Foi maravilhoso, Prêmio Espírito Público!”